Uma história do genoma

O Projeto Genoma é uma das linhas mais atuais de pesquisa no mundo todo. E a tecnologia para este tipo de estudo se desenvolve rapidamente facilitando a abertura de uma infindável série de laboratórios e a formação de pesquisadores em diversos países.

A década de 80 marca o início das discussões sobre a possibilidade e a importância de mapear o genoma humano, ou seja, identificar quais as bases de formação dos genes. Com o rápido desenvolvimento da tecnologia nesta área, na metade da década de 90, entretanto, foi possível mais que isso. A pesquisa avançou para o sequenciamento dos genes humanos.

A idéia de se estudar o DNA é, porém, mais antiga. Desde os anos 50, quando cientistas ingleses descobriram a dupla hélice formadora desta estrutura, toda a formação desta passou a ser objetos de estudo. Mas todo o sequenciamento dos genes era feito manualmente, já que não havia, naquela época, sequenciadores. O primeiro país a lançar um programa efetivo para o mapeamento do genoma (HGP, Human Genome Program, ou no português PGH) foram os Estados Unidos, em 1984. O trabalho foi patrocinado pelo NIH (National Institute of Health) e o DOE (Department of Energy), já com o propósito de mapear todo o DNA humano. Pouco tempo depois, laboratórios do Japão, Europa e Austrália se uniram ao trabalho, dando origem ao HUGO (Human Genome Organization) com o objetivo de organizar as descobertas e centralizá-las em um banco de dados, o Genome Database. Atualmente alguns outros países do mundo participam desta rede, inclusive o Brasil.

O trabalho em torno do genoma humano era, a princípio, centralizado em uma linha única de estudos até que em 1998 o biólogo Craig Venter fundou a empresa Celera Genomics, o que significou uma concorrência privada para um projeto público. A empresa utilizou os dados que o PGH divulgava livremente em seu site na Internet e pôde, desta forma, começar a pesquisa já respaldado pelo resultado dos outros cientistas. A princípio, a Celera tinha a intenção de "guardar" a descoberta, o contrário do desejo do outro grupo que era abrir o sequenciamento de genes humanos para o estudo de qualquer pesquisador.

Em abril de 2003, o grupo do PGH anunciou o fim do sequenciamento, e apresentou o resultado de que o ser humano tem mais de 3 bilhões de bases, que custou quase US$ 4 bilhões. O mais surpreendente da descoberta foi o número de genes: de 30 a 40 mil, sendo que o esperado era o de pelo menos 100 mil deles. A hipótese era baseada em outra crença, a de que cada gene é responsável pela codificação de uma proteína ou responsável por uma característica, como um determinado tipo de câncer ou cor dos olhos. Esta crença caiu por terra.

Uma série de polêmicas foi gerada em torno da conclusão do estudo, já que muitos afirmam que a explicação de todos os males e doenças genéticas. Alguns defenderam até a idéia de que a "inteligência" ou a "burrice" poderia ser estudada desta forma. E, claro, em contrapartida surgiram movimentos um tanto precipitados alertando para o perigo da discriminação racial e o medo pelo surgimento de idéias ligadas à construção e seleção de "raças puras".

Agora, passado o rebuliço inicial, os olhos dos pesquisadores estão voltados para o estudo dos genes. Isto possibilitará o aprofundamento a respeito da gênese de uma série de doenças e o conhecimento de muitas operações complexas do organismo humano. E, claro, possibilitar a descoberta de novas drogas e tratamentos que possam beneficiar a humanidade.
(Fonte: www.universia.com.br)